INOP na mídia

O Globo – Cortes no Orçamento podem render a Bolsonaro nova briga com o Congresso

Link original: https://blogs.oglobo.globo.com/malu-gaspar/post/cortes-no-orcamento-podem-render-bolsonaro-nova-briga-com-o-congresso.html

Por Mariana Carneiro 26/04/2021 • 06:00

A tesourada que o Ministério da Economia deu no Orçamento de 2021 não encerra o impasse com o Congresso. Pelo contrário, deve criar novos focos de conflito. Ao cortar da peça orçamentária os R$ 29,8 bilhões necessários para reequilibrar os gastos do governo, Guedes mexeu num vespeiro.

Ao invés de tirar da previsão de gastos do governo apenas as despesas que haviam sido acrescentadas pelo relator, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), a equipe do ministro Paulo Guedes mexeu em outras dotações orçamentárias que, até agora, não estavam em discussão. 

Do total de cortes, apenas um terço eram de Bittar. O resto foi retirado de outras verbas, dos quais R$ 3,2 bilhões de reais em outros tipos de emendas parlamentares. 

Desse total, R$ 1,8 bilhão ia atender às emendas de bancadas estaduais, definidas em conjunto por deputados e senadores. Os estados que mais sofreram reduções foram o Amazonas (R$ 216 milhões), Piauí (R$170 milhões) e Goiás (R$ 159 milhões), segundo levantamento do Instituto Nacional de Orçamento Público (Inop) a pedido da coluna. 

Outro R$ 1,4 bilhão era destinado às emendas de comissão, que são escolhidas por 16 parlamentares encarregados de distribuir os gastos de acordo com a área de atuação de cada ministério, como as da educação, da segurança pública e da saúde. Entre o envio do Orçamento para o Congresso e a versão sancionada pelo presidente, os recursos para essas emendas simplesmente desapareceram. 

Delas, um terço tinha sido reservado para despesas do Ministério de Desenvolvimento Regional, o mais afetado pela tesoura de Guedes e comandado por seu rival Rogério Marinho. Outros cortes aconteceram no Ministério da Saúde (R$ 216 milhões), Educação (R$ 325 milhões) e o da Defesa (R$ 153 milhões). 

Com esse movimento, o ministério da Economia, que estava em atrito sobre os cortes com os chamados ministros políticos do governo, com o presidente da Câmara, Arthur Lira, e com o relator Márcio Bittar,  agora comprou briga com dezenas de parlamentares – todos envolvidos na elaboração dessas emendas. 

“Parece que Guedes foi buscar novos adversários”, afirma Renatho Melo, diretor do Inop. “O governo jogou no lixo 16 relatórios setoriais do Orçamento, feitos a partir de acordos no Legislativo. E cometeu o absurdo de cortar emendas que não eram objeto de insatisfação do Ministério da Economia. Assim, o ministro arrumou novos inimigos, que não tinham nada a ver com a manobra do relator e foram punidos mesmo assim”. 

A justificativa do Ministério da Economia para o corte de emendas que seriam destinadas à Covid-19, por exemplo, é a de que elas serão substituídas por gastos do próprio governo, distribuídos ao longo do ano e sem as travas do teto de gastos porque, na semana passada, o governo conseguiu aprovar outro projeto de lei excepcionalizando as despesas com a pandemia das regras fiscais. 

Melo diz, porém, que não são gastos equivalentes. As emendas seguem a lógica política, visam a atender aliados de deputados e senadores nos estados, enquanto os gastos do governo seguirão as regras e as prioridades do Ministério da Saúde. 

Por isso, desde sexta-feira, vários parlamentares estão analisando se derrubam ou não parte dos cortes, feitos por meio de vetos do presidente Jair Bolsonaro. Conforme o tamanho e a agressividade da reação, a estratégia de Guedes pode estar arruinada. 

Não apenas por causa dos 3,2 bilhões – parte até pequena perto dos 29,8 bilhões cortados do Orçamento –, mas porque o governo também precisa do apoio dos Congressistas para concluir a segunda parte da manobra programada pelo Ministério da Economia para consertar o “orçamento inexequível” que o governo recebeu do Congresso. 

Na primeira parte, a dos vetos, o governo diz onde vai cortar despesas. Na segunda, que tem de ser feita por projeto de lei, o governo indica como vai remanejar as emendas. Esse projeto foi enviado ao Congresso na última quinta-feira, junto com os vetos, e tem de ser aprovado por maioria simples para passar a vigorar. Para isso, o governo vai precisar dos líderes partidários que viram suas verbas cortadas sem aviso ou negociação.

Essa etapa do “conserto” do Orçamento é crucial para o presidente da República. Sem o remanejamento de verbas, o presidente continuará sob o risco de vir a responder a um processo por crime de responsabilidade. 

Isso porque o impasse começou quando Bittar, o relator, incluiu R$ 29 bilhões em emendas sob sua responsabilidade, que atendiam aos caciques partidários, mas para isso cortou despesas obrigatórias com a Previdência Social. Ao receber o texto, Bolsonaro tinha duas opções: ou vetava tudo, provocando o Congresso, ou mantinha como estava, correndo o risco de sofrer um processo de impeachment por crime de responsabilidade.  

Leia mais: Paulo Guedes, do medo de impeachment à proposta “fura-teto”

O risco de impeachment passou a ser o principal argumento de Paulo Guedes para convencer Bolsonaro a vetar o Orçamento. O movimento provocou uma batalha dentro do governo: de um lado, Guedes querendo cortar tudo. De outro, líderes do Congresso e os chamados “ministros políticos”, defendendo a manutenção das emendas. 

Esses últimos diziam que as despesas foram incluídas no texto em razão de um acordo feito com o próprio Guedes, no início de março, mas o ministro da Economia argumentava que ele tinha concordado em acomodar emendas de R$ 16 bilhões e não os quase R$ 30 bilhões. 

Com a sanção do Orçamento já recortado, ficou evidente que Paulo Guedes preferiu distribuir os danos em outras pastas, como a da Educação, e grupos políticos, como o baixo clero do Congresso.  Dessa forma, ele pode até ter conseguido adiar o enfrentamento com os líderes partidários. Mas não conseguirá evitar uma batalha com o Congresso logo mais.

Metrópoles – Funasa corta R$ 1 bilhão em convênios para obras de saneamento básico

Link original: https://www.metropoles.com/brasil/funasa-corta-r-1-bilhao-em-convenios-para-obras-de-saneamento-basico

Cancelamento de parcerias atinge em especial pequenos municípios brasileiros. No DF, cooperativa de catadores deixará de receber R$ 3,7 mi

Larissa Rodrigues

08/06/2019 5:30,atualizado 08/06/2019 7:18

A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) cancelou, nesta semana, exatos 849 convênios firmados em governos federais anteriores com municípios espalhados por todo o Brasil. Isso significa que a União deixará de repassar aos estados exato R$ 1.038 bilhão em investimentos. O corte atinge especialmente pequenas cidades, com até 50 mil habitantes.

O fim das parcerias entre o Executivo federal e os municípios brasileiros foi oficializado no último dia 31 de maio, por meio da Portaria nº 4.749, assinada pelo presidente da fundação, Ronaldo Nogueira, ex-deputado federal pelo PTB. Publicada 3 de junho no Diário Oficial da União (DOU), a norma já está em vigor e pegou prefeitos e deputados de surpresa.

A Funasa é um órgão ligado ao Ministério da Saúde, responsável pela promoção de saneamento básico à população. Cabe à entidade repassar verbas para as cidades executarem obras ou realizarem atividades de conscientização que envolvam sistema de abastecimento de água, esgoto e resíduos sólidos. Muitas das vezes, esse montante é o único valor que os municípios possuem para desenvolver o trabalho.

Os cortes

Na portaria, a Funasa alega “disponibilidade orçamentária insuficiente para a execução dos objetos pactuados nos instrumentos de transferência de recursos”. A maioria dos convênios cancelados foi firmada entre os anos de 2017 e 2018 por meio de emendas parlamentares coletivas.

Nesse caso, as obras ainda não começaram, mas o consultor orçamentário e especialista em convênios públicos no Congresso Nacional Renatho Melo explica que, antes de terem o dinheiro de emendas liberadas, os prefeitos já gastam dinheiro municipal com projetos, licença ambiental e até na compra de espaços para a realização das construções.

É como se o governo federal tivesse dado um cheque sem fundo. Ele garantiu a verba, empenhou, agora voltou atrás e não vai pagar

RENATHO MELO, CONSULTOR PARLAMENTAR

Entre os convênios firmados nos dois anos anteriores, estão – além de obras para o tratamento de água e esgoto – atividades para a conscientização ambiental, visando o combate de doenças como dengue, zika e chikungunya. Os cortes de verbas para essas ações atingem cidades da Bahia, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo, que vêm enfrentando epidemias dessas enfermidades transmitidas pelo Aedes aegypti.

Centcoop

A Fundação Nacional de Saúde colocou ponto final também nos repasses para convênios assinados ainda entre os anos de 2002 e 2016. Nesses casos, alguns projetos estavam na fase de análise, aguardando a verba do órgão federal. Entre eles, está um para a Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (Centcoop).

O contrato com a cooperativa, no valor de R$ 3,742 milhões, foi assinado ainda em 2013. Ele previa a aquisição de equipamentos para os trabalhadores do local, visando o tratamento de resíduos sólidos. No entanto, nada desse montante chegou à cooperativa até o cancelamento do convênio.

“Esse cancelamento é algo a se lamentar, porque a Funasa atende a ações de saneamento em cidades com crises financeiras sem precedente e esses recursos são fundamentais para o desenvolvimento regional desses municípios. Vale lembrar que investimento em saneamento pode significar uma economia em gastos na área de saúde no futuro”, explica o engenheiro sanitarista Márcio Silva.

Funasa responde

Procurada pela reportagem, a Funasa disse que os cancelamentos atendem a recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU). “Deve-se registrar, por oportuno, que, comparativamente ao mesmo período do ano passado, a Funasa incrementou em 160% o volume de recursos transferidos aos municípios com os quais tem convênios celebrados, o que demonstra significativa efetividade, na medida em que estão sendo destinados às obras em franca execução física”, pontuou o órgão.

Estadão – Novatos no Congresso têm problemas para mandar dinheiro para projetos em seus redutos eleitorais

Link original: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,burocracia-e-falta-de-criterio-dificultam-que-dinheiro-de-emendas-beneficie-a-populacao,70003455029?utm_source=estadao:app&utm_medium=noticia:compartilhamento

Levantamento mostra que, até agosto, 31 parlamentares não conseguiram tirar do papel mais da metade do valor que eles indicaram no Orçamento; veja ranking dos menos eficientes

Lorenna Rodrigues e Eduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo

28 de setembro de 2020 | 10h37

Atualizado 28 de setembro de 2020 | 18h13

BRASÍLIA – Em seu primeiro mandato na Câmara, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) tentou enviar R$ 2 milhões do Orçamento deste ano a um programa voltado a adolescentes infratores. Não conseguiu. O governo identificou impedimentos técnicos na emenda da parlamentar. Outra neófita no Congresso, a senadora Leila Barros (PSB-DF) teve a indicação de R$ 100 mil recusada pelo Ministério da Cidadania porque o destino seria uma associação de capoeiristas que não tem o tempo de existência mínimo para celebrar parceria com a União. Até mesmo o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, enfrenta dificuldades para mandar R$ 300 mil para asfaltar ruas de Lagoinha, no interior de São Paulo, porque não há um projeto cadastrado para isso.

Em comum, os três fazem parte de um grupo de parlamentares que não conseguiram até agora fazer com que a maior fatia de suas emendas cheguem ao destino. Levantamento do Instituto Nacional de Orçamento Público (Inop) obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast mostra que, nos oito primeiros meses do ano, 31 parlamentares empenharam (termo técnico para quando o dinheiro é reservado no Orçamento, a primeira etapa para ser pago) menos da metade do que inicialmente previsto.

As emendas parlamentares são indicações feitas por deputados e senadores de como o governo deve gastar parte do dinheiro do Orçamento. Elas incluem desde recursos para obras de infraestrutura, como a construção de uma ponte, por exemplo, até valores destinados a programas de saúde, educação e assistência social.

Embora essas emendas sejam impositivas – o governo é obrigado a destinar o recurso –, o dinheiro já autorizado e que poderia beneficiar a população tem ficado pelo caminho, perdido nas engrenagens da burocracia orçamentária. 

Até o fim de agosto, R$ 1,8 bilhão (19% do total) ainda não havia sido empenhado, ou seja, ainda não tinha passado pela primeira etapa do pagamento.  

Para dar transparência à qualidade das emendas, o Inop criou um Ranking de Eficiência Orçamentária, que mostra quem conseguiu destinar mais ou menos dinheiro no Orçamento.  A avaliação é que os parlamentares com pior desempenho tiveram problemas ao elaborar as emendas, como não cumprir exigências legais, destinar valores para obras sem projeto, para municípios que já atingiram limites para o recebimento de verba ou para programas que não atendem necessidades de prefeituras, entre outros.

“Isso demonstra uma dificuldade do parlamentar em entender o beneficiário final de suas emendas, o perfil e a capacidade que ele tem de receber o recurso ou de gerir um convênio público, por exemplo”, afirmou o diretor do Inop, Renatho Melo. “O ranking busca aferir o desempenho e eficiência da elaboração orçamentária, queremos mostrar que, no meio do exercício, tem gente que está muito para trás.”

Os problemas enfrentados para ter uma emenda liberada não é exclusividade da oposição. Além de Eduardo, entre os parlamentares com pior desempenho estão aliados do governo como o deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), a deputada Bia Kicis (PSL-DF), o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), e o ex-líder do governo na Câmara Major Vitor Hugo (PSL-GO).

No outro extremo, no topo do ranking, com 100% de suas emendas executadas até agosto, estão 15 parlamentares, incluindo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e os deputados Kim Kataguiri (DEM-SP), Marco Feliciano (Republicanos-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP).

Impedimento técnico

Ao rejeitar os R$ 2 milhões que Tabata queria enviar a um programa que atende jovens infratores, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos apontou, em nota técnica, uma série de motivos: falta do plano de aplicação detalhado, destinação de recursos para aquisição de bens em rubrica errada e encaminhamento em plataforma diferente da exigida legalmente. A deputada alega que cancelou a emenda anterior antes mesmo da rejeição e decidiu enviar metade do dinheiro para o combate à covid-19, que costuma ter uma execução mais ágil na engrenagem orçamentária do governo por ser destinado à área da saúde. A outra metade segue destinada para o mesmo projeto e está em análise após a entrega de novos documentos.

Entre os parlamentares que já tiveram 100% de suas emendas empenhadas, grande parte destinou seu quinhão totalmente para a saúde. Nesse caso, a maioria do dinheiro é transferido “fundo a fundo”, do Fundo Nacional da Saúde para os fundos municipais e estaduais, o que facilita o processo. A exceção são obras na área da saúde, como a construção de um hospital, que passam por um trâmite diferente e dependem de projetos.  

No caso de Eduardo, os R$ 300 mil enviados pelo filho do presidente para obras de pavimentação e recapeamento de ruas não saíram do papel ainda porque a prefeitura de Lagoinha, que poderia ser beneficiada, até hoje não apresentou um projeto para usar o dinheiro. De acordo com especialistas, isso sinaliza que a emenda foi destinada sem uma articulação prévia com o município.

O diretor do Inop ressalta que não necessariamente o parlamentar vai “perder” o recurso de uma emenda que foi recusada ou que não foi utilizada, já que ele pode trocar o destinatário do dinheiro até o fim do ano. “Mas, na administração pública, faz diferença receber um recurso em abril ou em dezembro, por exemplo, principalmente para os prefeitos que estão em fim de mandato (pela lei eleitoral, algumas despesas não podem ser empenhadas no fim do governo)”, afirmou.

Deputados culpam covid-19 e dizem que não há corrida por pagamento de emendas

Os parlamentares com pior desempenho na execução de emendas atribuíram ao ano atípico, marcado pela pandemia da covid-19, as dificuldades em fazer com o que o dinheiro do Orçamento chegue ao destino indicado. Além disso, ressaltaram que os recursos ainda podem ser pagos até o fim do ano.

“Não é um campeonato de quem executa primeiro, mais importante é a qualidade das emendas”, disse o senador Reguffe (Podemos-DF). A senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), que registra o mais baixo índice de execução das suas emendas, afirmou que havia destinado recursos para Ciência e Tecnologia que ficaram em “compasso de espera” para avaliação do governo sobre a necessidade de redirecioná-los para ações de combate ao coronavírus.

A deputada Tabata Amaral  disse que a execução das emendas abaixo do esperado não se deu por ineficiência do mandato, e sim por ineficiência do governo federal. Joenia Wapichana (Rede-RR) e Erika Kokay (PT-DF) também culparam a gestão de Jair Bolsonaro pela demora nos pagamentos.

A deputada Bia Kicis  disse que grande parte das suas emendas foi destinada a investimentos, o que demanda  prazo maior para saírem do papel, mesma justificativa dos deputados Natália Bonavides (PT-RN) e Vitor Lippi (PSDB-SP).

O deputado Loester Trutis (PSL-MS) disse que suas emendas têm objetivos claros e destinações concretas e que o critério para valorar a atuação do parlamentar não pode ser apenas o volume de recursos executado.

O deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP), candidato a prefeito de São Paulo, lembra que 2020 é ano eleitoral, com prazos mais curtos para apresentação e análise dos projetos, e que todas as emendas indicadas por ele ainda têm condições de serem empenhadas.

A deputada Mara Rocha (PSDB-AC) disse que os atrasos nos empenhos “incomodam”, mas atribui a demora ao governo estadual do Acre. Antônio Nicoletti (PSL-RR) também culpa o governo local, no seu caso, o de Roraima.

Para o deputado David Miranda (PSOL-RJ) a pandemia dificultou o trabalho para ONGs e prefeituras reunirem documentos necessários. O senador Plínio Valério (PSDB-AM) diz que 75% das suas emendas já estão aptas a serem pagas. A deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) disse que é contra a destinação de recursos via emendas parlamentares e que a execução em 2020 se comporta de maneira atípica por conta da pandemia.

A senadora Leila Barros enumerou uma série de fatores para justificar a baixa execução, como burocracias e trocas de equipe no governo federal. Sobre a emenda para a associação de capoeirista, recusada pelo Ministério da Cidadania, a parlamentar disse que o valor foi remanejado para outra instituição social.

A reportagem procurou os demais parlamentares com execução menor de 50% nas emendas, mas eles não responderam. O Ministério da Economia também não respondeu sobre o baixo índice de execução de emendas nem às críticas dos parlamentares ao governo.

CNN – Nordeste é a região que recebeu mais recursos de emendas de bancada em 2020

Link original: https://www.cnnbrasil.com.br/business/2020/10/18/nordeste-e-a-regiao-que-recebeu-mais-recursos-de-emendas-de-bancada-em-2020

Estudo obtido com exclusividade pela CNN mostra que nordestinos tiveram empenhados quase R$ 1,6 bilhão só neste ano, o que equivale a cerca de 80,5% do total

Larissa Rodrigues e Gabriel Hirabahasi, da CNN, em Brasília

18 de outubro de 2020 às 10:59 | Atualizado 18 de outubro de 2020 às 11:52

O Nordeste foi a região mais beneficiada com empenho de emendas de bancada em 2020, em números absolutos e proporcionalmente, segundo estudo realizado pelo Instituto Nacional de Orçamento Público, consultoria especializada em orçamento legislativo no Brasil.

O estudo, ao qual a CNN teve acesso com exclusividade, aponta que os nove estados nordestinos tiveram empenhados quase R$ 1,6 bilhão de janeiro a 29 de setembro deste ano. O valor, superior ao das quatro demais regiões, equivale a cerca de 80,5% do total de emendas parlamentares impositivas de bancada.

As emendas impositivas de bancada foram criadas em 2019, após alteração na Constituição Federal. Isso significa que parte do Orçamento Geral da União agora é definido pelos parlamentares do Senado e da Câmara dos Deputados e isso não pode ser alterado pelo Poder Executivo.

As emendas de bancadas, diferentemente das individuais, são empenhadas, após decisão conjunta dos parlamentares, de acordo com o estado pelo qual eles foram eleitos. Em caso de impositivas, o governo federal tem a obrigação de executar tais emendas, ou seja, liberar obrigatoriamente o dinheiro até o fim de cada ano.

Comparações por região

Enquanto o Nordeste empenhou 80,5% de suas emendas de bancada em 2020, a região Norte teve quase R$ 1,2 bilhão de recursos empenhados, o equivalente a 77% do total disponível.

Já o Centro-Oeste teve R$ 687 milhões empenhados (78% do total). Enquanto a região Sudeste teve R$ 601 milhões empenhados (68% do total, o menor valor, proporcionalmente) e o Sul teve R$ 475 milhões empenhados (72%).

Cada estado teve direito, de acordo com o estudo, a cerca de R$ 219,5 milhões em emendas parlamentares impositivas de bancada.

Fonte: Instituto Nacional de Orçamento Público • *proporcional ao total disponível

O Pará foi o único que já teve 100% das emendas empenhadas até agora. Piauí, São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Bahia também figuram com mais de 90% das emendas empenhadas.

Por outro lado, Minas Gerais, Santa Catarina, Espírito Santo e Alagoas figuram com menos de 61% de empenho das emendas.

O alto percentual de empenho das emendas de bancada de estados do Nordeste se dá em um momento de aumento da popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), especialmente na região Nordeste, que, em 2018, votou, majoritariamente, a favor do candidato opositor a Bolsonaro, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

Em pesquisa CNI-Ibope divulgada no dia 24 de setembro, o presidente teve 33% de avaliação “bom e ótimo” na região, mesmo patamar de avaliações “ruim e péssimo”. No estudo, 31% avaliaram o governo Bolsonaro como regular.

Fonte: Instituto Nacional de Orçamento Público

Poder 360 – Orçamento impositivo: 76% das emendas estaduais foram empenhadas até setembro

Link original: https://www.poder360.com.br/congresso/orcamento-impositivo-76-das-emendas-estaduais-foram-empenhadas-ate-setembro/

Há deficiência técnica nos projetos – Pará já empenhou 100% do valor – Covid atraiu boa parte das emendas

GUILHERME WALTENBERG 31.out.2020 (sábado) – 6h00

No 1º ano de validade da regra constitucional, que tornou obrigatórias as emendas ao Orçamento de bancadas estaduais, 76,47% do total de R$ 5,9 bilhões foram empenhados até o fim de setembro. Dentre os estados que mais obtiveram sucesso na empreitada, destacam-se o Pará, que já destinou 100% do valor aprovado, Piauí, com 99,6% e São Paulo, com 98,6%.

Alagoas está na lanterna, com apenas 52,1%. As bancadas do Distrito Federal e de Santa Catarina também tiveram percentuais baixos: 52,8% e 60,1%, respectivamente.

RAZÕES TÉCNICAS

O diretor do Inop (Instituto Nacional de Orçamento Público), Renatho Melo, explica que muitas bancadas tiveram dificuldade em elaborar emendas que sigam o que determina a Constituição. “Daí a emenda para na burocracia e tem que ser refeita.”

EXEMPLO

A bancada de Santa Catarina tentou destinar verbas para instituições comunitárias de educação superior. A emenda foi incluída na LOA (Lei Orçamentária Anual). O FNDE pediu 1 parecer à AGU (leia aqui), que avaliou não ser possível. Resultado: a emenda não foi empenhada.

No ano marcado pela pandemia, o principal destino dessas emendas foi o Fundo Nacional de Saúde, com R$ 3,2 bilhões do total de R$ 4,5 bilhões. Só para o combate ao coronavírus foram destinados R$ 2,1 bilhões. São Paulo empenhou 98,7% de suas emendas para isso, e o Ceará, 96%.

Dnit e ministérios do Desenvolvimento Regional e da Justiça e Segurança Pública também foram atendidos.

Jornal Opção – Emenda de Lucas Vergílio da LDO garante repasses a pequenos municípios

Link original: https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/emenda-de-lucas-vergilio-da-ldo-garante-repasses-a-pequenos-municipios-302182/

Aprovada hoje na Câmara dos Deputados e no Senado, Lei de Diretrizes Orçamentárias garantirá que mais de 80% dos municípios brasileiros possam receber recursos por meio de convênios com o Governo Federal

Quarta-feira 16 dezembro 2020 18:28  Por Marcos Aurélio Silva 

O deputado federal Lucas Vergílio (Solidariedade-GO) apresentou emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, aprovada hoje na Câmara dos Deputados e no Senado, que garantirá que mais de 80% dos municípios brasileiros (com até 50 mil habitantes) possam receber recursos por meio de convênios com o Governo Federal, mesmo que constem como inadimplentes no Sistema Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (Cauc).

Em 2019, o deputado goiano foi o autor da emenda que garantiu para este ano a assinatura de convênios e a transferência de recursos posteriormente mesmo que as prefeituras estivessem com alguma pendência nos cadastros financeiros, contábeis e fiscais. São diversas declarações e obrigações e, estando inadimplentes, as prefeituras ficam impedidas de receber transferências e contratar operações de crédito. O objetivo foi dar a oportunidade para que se regularizassem sem comprometer os repasses da União.

Segundo estimativa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), mais de 80% dos municípios brasileiros foram beneficiados com a emenda de Lucas Vergílio, especialmente num ano em que os repasses federais foram fundamentais para que os pequenos municípios pudessem preparar melhor a rede pública de saúde para a pandemia da Covid-19. Em Goiás, dos 246 municípios, no ano passado 197 estavam com pendências no Cauc e foram beneficiados pela emenda do deputado.

O Presidente da Federação Goiana de Municípios (FGM) e Prefeito de Porteirão, Cunha cumprimentou a posição municipalista do deputado goiano. “Ações como essa dão força e esperança aos municípios. Em tempos que a união mostrou ser o melhor caminho, o Lucas Vergílio mostra toda sua empatia com as causas municipalistas”, afirma. Cunha Lembra que o próximo ano será marcado pelos desafios futuros, não esquecendo das consequências sociais e econômicas da COVID-19. “Será de grande valia mais recursos federais para a administração pública seguir de forma coesa e assertiva”, frisa o presidente da FGM.

Diretor do Instituto Nacional de Orçamento Público, Renatho Melo afirma que a emenda de Lucas Vergílio é muito importante para evitar que os pequenos municípios fiquem sem recursos federais para investimentos em 2021. “Não apenas porque a maioria deles já enfrenta dificuldades financeiras, como também tem pela frente ainda grandes desafios no combate à pandemia. Os municípios vão continuar a celebrar convênios e ganham maior tempo para regularizarem suas pendências. Não serão punidos de forma preventiva. Foi uma medida que se mostrou muito acertada neste ano e que continua crucial para a sobrevivência de mais de 80% das prefeituras brasileiras em 2021”, afirma.

O Globo – Congresso deve impor ao Executivo quase R$ 18 bilhões em emendas no plano de gastos de 2021

Link original: https://oglobo.globo.com/brasil/congresso-deve-impor-ao-executivo-quase-18-bilhoes-em-emendas-no-plano-de-gastos-de-2021-24807489

Na elaboração do plano de gastos do ano que vem, o Legislativo definirá o destino de uma cifra de cerca de R$ 17,7 bilhões

Natália Portinari 22/12/2020 – 04:30

BRASÍLIA — Com a base do governo enfraquecida e ainda sob o risco de ter na presidência da Câmara um nome não alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, o Congresso deve impor ao Executivo um valor recorde de emendas parlamentares ao Orçamento. Na elaboração do plano de gastos do ano que vem, o Legislativo definirá o destino de uma cifra de cerca de R$ 17,7 bilhões — ainda maior do que os R$ 15,4 bilhões remetidos a emendas individuais e de bancadas estaduais em 2020.

Entenda: Alteração de Nunes Marques na Lei da Ficha Limpa foi tema de discussão em 2012 no STF

Neste ano, pela primeira vez, as emendas das bancadas estaduais — de parlamentares de cada estado — foram impositivas, ou seja, de pagamento obrigatório. Isso significa que o governo teve que pagar R$ 5,9 bilhões conforme indicado pelo Congresso. Essa quantia deve aumentar para cerca de R$ 8 bilhões em 2021, já que foi aprovado um aumento gradual ano a ano.

As emendas individuais, também de pagamento obrigatório, segundo a Constituição, devem aumentar de valor ou pelo menos permanecer no mesmo patamar. A previsão no Orçamento enviado pelo governo é de R$ 9,7 bilhões, mais do que os R$ 9,5 bilhões a que parlamentares tiveram direito este ano.

Os valores exatos dependem de como será a receita do governo federal em 2020, o que ainda pode mudar em relação à previsão do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa). No ano passado, no total, R$ 34 bilhões foram destinados a emendas, um quarto dos R$ 135 bilhões do Orçamento que gestores podem decidir como usar (o chamado orçamento discricionário).

Dentro dessa soma, estavam R$ 18 bilhões destinados às “emendas de relator”. Em 2019, o Congresso aprovou, de forma inédita, que R$ 30 bilhões ficariam nas mãos do parlamentar que trabalhou como relator do Orçamento, Domingos Neto (PSD-CE), para decidir em que gastar. Após atritos com o governo federal, o valor foi reduzido para R$ 18 bilhões. O Congresso cedeu também na ideia de tornar todos esses pagamentos impositivos (obrigatórios).

— A gente está vivendo um parlamentarismo orçamentário. O Parlamento está cada vez mais carimbando para o governo executar — diz Renatho Melo, diretor do Instituto Nacional de Orçamento Público (Inop). — Um efeito interessante é que os ministérios perceberam isso, e boa parte do Orçamento já é montado para atender emendas.

Emendas do relator

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), disse ao GLOBO que as emendas de relator — o valor para 2021 e se vão ser impositivas — serão rediscutidas. Questionado sobre se o orçamento recorde de emendas parlamentares pressiona o governo, ele negou:

— O Orçamento é prerrogativa do Parlamento.

Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, disse que a definição sobre o Orçamento depende ainda da previsão de gastos com o combate à pandemia e que, antes disso, não é possível prever quanto espaço haverá para emendas de relator.

— Vai depender muito de como o próximo ano será discutido, do ponto de vista de política econômica. Não dá para a gente saber se vai ter restabelecido o Orçamento completamente até lá. Até 31 de dezembro, estamos sob o Orçamento de Guerra, mas precisamos de uma discussão entre os líderes — disse Eduardo Gomes.

As emendas parlamentares e as emendas de relator são parte do orçamento de investimentos. Essa fatia tende a ser reduzida com o aumento dos gastos obrigatórios ano a ano, já que há um teto de gastos constitucional.

Em 2015, o Congresso mudou a Constituição para tornar impositivas as emendas individuais. O relator do Orçamento era o então senador Romero Jucá (MDB). A mudança já era um sinal de enfraquecimento do Executivo diante do Parlamento, o que se agravou na gestão de Michel Temer e Bolsonaro.Desde então, porém, após garantir o pagamento das emendas, o Congresso aumentou a pressão sobre o Orçamento “livre” dos ministérios. Em votações importantes, como foram recentemente a Reforma da Previdência e o redesenho ministerial de Bolsonaro, são liberados pagamentos “extras” de indicações informais para as bases.